domingo, 12 de dezembro de 2010

Ciro Pessoa, Gerson Conrad e Star 61 tocam em SP no evento gratuito Rock na Vitrine

Veterano na cena independente brasileira, o fundador do selo Baratos Afins Luis Calanca organiza mensalmente o evento Rock na Vitrine, na Galeria Olido em São Paulo. Na edição de dezembro subiram ao palco Ciro Pessoa (ex-Titãs e Cabine C), Gerson Conrad (ex-Secos & Molhados) e a banda Star 61 para um set de aproximadamente 45 minutos cada.

Acompanhado da banda Nu Subindo a Escada, Ciro Pessoa promoveu o álbum “Em Dia com a Rebeldia” (2010), uma homenagem conceitual à proposta surrealista convertida ao formato de rock psicodélico contemporâneo. O ex-Titãs conta com músicos do Forgotten Boys em sua banda de apoio: Flavio Cavichioli (bateria), Zé Mazzei (baixo) e Gustavo Riviera (guitarra), além da ex-Rouge Luciana Andrade (voz) e Paulo Kishimoto (teclados). No repertório destacam-se temas como "As Formigas estão Vendo Tudo", “Minha mulher ampulheta”, “Gruta Solar” e a faixa que dá nome ao disco.



Acompanhado da banda Trupi (Leandro Delpech na guitarra, Carlinhos Machado na bateria e Gerson Tatini no baixo), o ex-Secos & Molhados Gerson Conrad entrou em cena na seqüência e apresentou temas variados de sua longeva trajetória em uma versão compacta de seu show “Bons Tempos”.

No roteiro destacam-se naturalmente clássicos como “Sangue Latino”, “Delírio”, “El Rey” e “Rosa de Hiroshima” (poema de Vinicius de Moraes originalmente musicado por ele), mas o interessante é atentar que seu trabalho não se estagnou nas glórias passadas como atestam temas como “Leva”, “Teias” e “Feito Veneno”.

Enfim, o show é prato cheio para quem deseja se aprofundar na música popular brasileira “maldita”. E, ao contrário do que apregoou a boca nervosa de seu ex-companheiro de Secos & Molhados João Ricardo, que tachou Conrad pejorativamente como “compositor de uma música só”, Gerson prefere, em vez de alimentar polêmicas estéreis, rebater comentários desta sorte com reflexões acerca da vida longe dos holofotes como atesta “Direto Recado”, destaque de seu repertório mais recente.



A banda Star 61 fechou esta edição do Rock na Vitrine com um glam rock digno da Boca do Lixo. Pois ao contrário da tendência rock de brechó tão comum ao afetado underground das grandes cidades brasileiras pós-Velvet Goldmine e a descoberta da obra de David Bowie por uma nova geração de meninos e meninas, o atual rock purpurinado autenticamente brasileiro não poderia encontrar melhor tradução.

Trata-se de glam rock de submundo. É fuleiro no melhor sentido, tal como as tendências originais do estilo na Nova York protopunk setentista e se posta há anos luz da produção exagerada de garotos roqueiros abastados que acham que bastam plumas, paetês e um pouco de purpurina para virar a bisneta que Brian Molko deu para Bowie. Ao contrário, é música purpurinada de quem sai do palco e vai “ganhar a vida” como michê em troca de alguns trocados e um pouco de diversão no wild side da cidade onde os playboys sequer passam perto, ainda que a leitura da bíblia punk “Please Kill Me” os levem a pensar equivocadamente que seu cotidiano é punk até o caroço.



Embora desfalcado de seu guitarrista e da produção que maquia demasiadamente a essência bagaceira natural de sua proposta sonora em estúdio, o Star 61 se apresentou em formato power trio. Capitaneado pelo vocalista Flaviano André, o grupo de formação mutante tocou temas como “Fácil Demais”, “Tanto Faz”, “Tão Sexy” e um divertido libelo gay chamado “SuperTravesti”, entre outros. Brincando, o vocalista chegou a dizer que seu novo baixista foi contratado poucos minutos antes da apresentação e aprendeu as músicas em cima da hora, “logo depois de pagar pelos momentos de prazer”...

Enfim, é o tipo de trilha sonora perfeita para “torturar” molecada que bate nos outros apenas por causa de uma orientação sexual distinta da sua. Em se tratando de música, o Star 61 coloca o glam rock à moda brasuca em seu legítimo lugar: no underground.

Veja abaixo fotos e vídeos do evento:



















domingo, 5 de dezembro de 2010

Projeto multimídia de multi-instrumentista do Tortoise, Spectralina toca free noise em SP



Achei bem legais os shows multimídia que Dan Bitney (multi-instrumentista do Tortoise) e a artista plástica Selina Trepp fizeram em SP neste final de semana. O primeiro show da dupla foi com o projeto Spectralina no sábado (4), em evento gratuito no CCSP, mas a vibe descontraída da MÚSICA LIVRE foi tão bacana que eles se juntaram a músicos da cena underground para uma jam sensacional neste domingo (5) no Espaço +Soma.



Já tinha curtido o clima de improvisação total da dupla, embora com inserções sonoras pré-programadas, mas "a versão aditivada do Spectralina", com participação de Mauricio Takara (Hurtmold), Guilherme Granado (Againe) e Carlos Issa (Objeto Amarelo), foi ainda mais bacana – muito em parte pelo próprio perfil intimista da casa e pela proposta sonora mais caótica.



Os nefelibatas dos corinhos bobos da música pop mainstream vigente podem tachar que se trata de uma empreitada para poucos, no entanto quem precisa mesmo de cantoria coletiva é Guia de Turismo em viagem tediosa. Portanto, ouso dizer que os dois shows foram experiências sônicas memoráveis!



Antes do show, a dupla fazia uma social no local e confesso que me bateu uma pilha de voltar a entrevistar, pelo simples prazer de trocar idéias com quem leva Música a sério... Fica pra próxima!

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

NOVA TENTATIVA DE SABOTAGEM EM MEU MICRO (PROJETO ACADÊMICO RELACIONADO À CULTURA LIVRE)



Estou lendo muita coisa, escrevendo e refletindo bastante acerca da do projeto em realização, porém recentemente tive mais um indício de uma “possível sabotagem” em meu novo micro. Trabalho com informática há quase duas décadas e tomei o devido cuidado de utilizar um notebook apenas para a confecção de meu trabalho. Ou seja: só uso esse micro –novo, o anterior até hoje não obtive o devido reparo- para escrever o texto relacionado a meu projeto. Não o uso em rede, não me conecto à Internet com ele e ainda me precavi (como acontecera com o micro anterior hoje avariado) de cadastrar senhas na BIOS do micro (além da habitual do sistema operacional) a fim de que eu pudesse trabalhar tranquilamente em meu projeto. Cheguei ao cúmulo de utilizar a mochila onde guardo meu micro como travesseiro, a fim de que nada venha me atrapalhar durante a realização do projeto. Enfim, levo o micro comigo para onde vou. No entanto, na ÚNICA VEZ em que deixei o micro em casa desde então e passei um dia inteiro fora para momentos de diversão, constatei que esse segundo micro foi mexido sem o meu consentimento por alguém (alheio à minha família) que ainda não confirmei a identidade. Obtive essa confirmação ao detectar que minhas senhas na Bios não estavam mais validadas desde a última vez que saí e deixei o micro guardado em casa (fotos em anexo). Como trabalho há anos com informática, verifiquei que somente conseguia acessar à BIOS da máquina com uma antiga senha que invalidei há tempos e – ao requisitar a alteração de senha para inserir uma nova – a bios não aceita a modificação dessas senhas e desabilita o sistema operacional (ver foto). A meu ver, foi PROPOSITALMENTE inoculado um vírus na máquina à minha revelia, possivelmente a fim que outra(s) pessoa(s) obtenha(m) acesso aos dados de meu computador pessoal. Adotarei em breve as medidas técnicas para a resolução desse problema. No entanto, minha maior preocupação se refere quanto a uma possível apropriação indébita por parte de outrem.

Na última quinzena, já tive outros problemas relacionados AO ROUBO de alguns documentos meus (certificado de reservista e título de eleitor). Fiz devidamente o Boletim de Ocorrência na delegacia de meu bairro, porém “excepcionalmente” não poderei contar com as imagens das câmeras de segurança do condomínio onde moro, que estavam “desligadas” durante o período sem maiores explicações por parte dos responsáveis pelo seu funcionamento.

Como medida de precaução quanto a um possível ROUBO de propriedade intelectual, fui instruído por um amigo de infância (hoje policial civil) a efetuar um boletim de ocorrência na alçada cível a fim de me resguardar quanto a possíveis danos ou roubo de propriedade intelectual. Resolvi que esse projeto é, juntamente à criação de meu filho, minha maior prioridade no momento – tanto é que me dedico exclusivamente a isso – portanto não gostaria de ter o desprazer de me surpreender algum dia com a necessidade de me ver forçado a recorrer à alguma instância jurídica a fim de resguardar-me da integridade do meu trabalho.

Se tentarem sabotar mais uma vez, jogo o projeto todo em pdf de graça na internet pra qualquer um ler. CULTURA LIVRE PARA O POVO!!!!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

MDM ao vivo no CCSP (11/11/2010)

Projeto paralelo dos músicos do Hurtmold capitaneado pelo guitarrista Mário Cappi, MDM promoveu seu epônimo disco de estréia em apresentação ao vivo no CCSP nesta quinta-feira (11/11/2010).

O álbum foi disponibilizado online gratuitamente no site da revista O Grito (clique aqui).

Fotos e vídeos de Marcus Marçal

Corruptela do Hurtmold capitaneada pelo guitarrista Mário Cappi, MDM toca "Bandit" ao vivo no CCSP (11/11/2010); veja


Sem informar o nome da música, MDM toca tema inédito em apresentação ao vivo no CCSP (11/11/2010); veja


MDM toca a música "Sol Sobre A Cabeça" durante show no CCSP (11/11/2010); assista



















































quinta-feira, 11 de novembro de 2010

BOLETIM DE OCORRÊNCIA (FURTO)

Pronto! Boletim de Ocorrência feito quanto ao FURTO de meus ingressos para os seguintes shows, aos quais tenho todos os documentos necessários para comprovação, tais como nota fiscal, número de ingressos e lote, comprovante bancário de pagamento etc:
- FESTIVAL PLANETA TERRA
- MOSTRA SESC-SP (show METAL MACHINE MUSIC), dia 21-11 no Sesc...-Pinheiros
- MOSTRA SESC-SP (show GIL-SCOTT HERON), dia 27-11 no Sesc Vila Mariana

Macaco Bong ao vivo no Sesc Pompéia (09/11/2010)

Fotos e vídeo de Marcus Marçal.

Macaco Bong toca a música "Noise James" durante show no Sesc Pompéia (9/11/2010); assista






















sábado, 6 de novembro de 2010

Jello Biafra dá aula de história contemporânea com a Guantanamo School of Medicine em SP

Uma das personalidades de discurso mais combativo na história do rock’n roll, o ex-líder do grupo estadunidense Dead Kennedys Jello Biafra fez um show memorável no início da turnê brasileira de sua nova banda, a Guantanamo School of Medicine (Escola de Medicina de Guantânamo) nesta sexta-feira (5) no Hangar 110, em São Paulo.

Durante aproximadamente uma hora, Biafra promoveu o repertório do disco de estréia da nova banda, “Audacity of Hype” (2009), junto a temas clássicos de seus projetos pregressos, como o já-citado Dead Kennedys e Lard.

É a segunda vez que Biafra se apresenta no Brasil, dezoito anos após duas legendárias aparições no Rio de Janeiro (seguida de uma em SP) com o Mano Negra (banda que despontou Manu Chao), Lard e um combo misto de Sepultura e Ratos de Porão em 1992, em plena decorrer da ECO-92, congresso multinacional que discutia questões voltadas à ecologia e políticas internacionais.

Jello Biafra entrou no palco vestido de cirurgião psicopata, com manchas de sangue cenográfico pelo corpo. Assim que tirou o uniforme de profissional da Saúde, o cantor apresentou um modelito chiquérrimo com a bandeira de um antigo império mesopotâmio, para o deleite de carnavalescos e apreciadores de moda e estilo. Após alguns números, tirou as fantasias e vestiu uma camiseta preta com os dizeres "Democracy We Deliver", a mesma que alguns também usavam entre a audiência.

Temas como “Clean As A Thistle”, “New Feudalism”, “Three Strikes”, “The Terror of Tinytown”, “Pets Eat Their Master”, "Dot Com Monte Carlo", "Bozo Skeleton", “Let’s Lynch the Landlord” e “California Übber Alles” foram destaques do show – esta última com direito a stage dive de JB, que cantou parte da música nos braços de seu público. Formação menos afeita a experimentações sonoras que suas demais incursões musicais pós-DK, a Guantanamo School of Medicine nesta excursão difere da presente em seu disco de estréia. No entanto, isso não faz diferença em termos de impacto sonoro.

Rock de Combate
Jello Biafra foi comedido em seus já famosos discursos, porém não poderia ser menos incisivo. Criticou as políticas monetárias do capitalismo internacional, a gentrificação (enobrecimento urbano ou espécie de eugenia comportamental comum entre os senhorios e manda-chuvas da especulação imobiliária nos EUA, que se desfazem de inquilinos que atendem requisitos menos afeitos ao esquema TFP), os estragos provocados pela privatização do sistema prisional em seu país, dentre outros temas caros a uma nação tão sujeita a influências tal como se tenta nos impingir à revelia sob a desculpa da conversinha fiada do ônus do neoliberalismo e da globalização.

Não bastasse o momento mais que propício para uma apresentação deste tipo em nosso país, Jello Biafra passa por um momento muito luminoso em sua trajetória.
Portanto, é uma oportunidade atípica para os brasileiros que não tiveram idade ou oportunidade para ver os Kennedys ainda ativos, banda que felizmente não mais voltará à ativa desde o processo litigioso que seus ex-integrantes perpetraram no século passado contra o líder da banda – notório compositor de todos os temas, embora não seja músico de formação. Vale lembrar que os litigantes chegaram ao disparate de promoverem uma excursão sem Jello Biafra em 2002 sob a alcunha de DK Kennedys, com direito a vergonhosas apresentações no Brasil apresentando repertório clássico do DK, ao ponto de o baixista do De Falla, Flu, ter veladamente feito às vezes de “músico estrangeiro”, para a diversão dos que o conheciam de outras bandas.



O acaso também contribuiu para esta noite memorável de rock’n roll. Durante o número de encerramento, “Holiday in Cambodja”, aconteceu um inesperado blecaute – o que levou à platéia a chamar para si a responsabilidade de finalizar o espetáculo cantando em uníssono o clássico tema romântico original do Dead Kennedys, acompanhada apenas pela bateria (assista ao vídeo acima). De início, especulava-se que seria uma represália da casa de shows a fim de encerrar os trabalhos antes da meia-noite. Porém, após o encerramento do set, ficou-se sabendo que a pane na energia elétrica não aconteceu apenas na casa de show, mas sim no bairro inteiro à sua volta.

Diferentemente de outras regiões da cidade, o bairro do Bom Retiro, na zona central de São Paulo, não contou com a chuva forte que despontou em outros pontos da cidade.



RxDxPx volta à ativa
Os veteranos do Ratos de Porão fizeram o show de abertura desta primeira noite da turnê brasileira da Guantanamo School of Medicine e apresentou seu set repleto de clássicos como “Aids, Pop, Repressão”, “Amazônia Nunca Mais”, “Sistemados pelo Crucifa” (hihihihic) e a recente “Exército de Zumbis. O Hangar 110 ainda recebe Jello Biafra e sua banda para mais uma apresentação neste sábado (6), com a abertura do grupo Flicts. Na seqüência, a tour segue para o Rio de Janeiro, no Circo Voador.



PS: Este texto foi originalmente concebido em português pré-Acordo Ortográfico.

PS: Agradecimentos especiais ao fotógrafo que me deu de presente um par de pilhas, pois o “profissa” aqui não se lembrou de levar as pilhas carregadas de casa, inestimáveis para que este mulambo aqui pudesse fotografar com sua xereta digital. Foi mal, mas não lembro do teu nome. Dificuldade nata de lembrar nome de macho... :D

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